O apóstolo Paulo, na carta aos Romanos, expõe o evangelho da salvação pela graça, mediante a fé em Jesus Cristo. Ele mostra que todos os homens, judeus e gentios, estão debaixo do pecado e da ira de Deus, e que só podem ser justificados pela obra de Cristo, que morreu e ressuscitou por nós. Mas como isso afeta a nossa vida prática? Como devemos viver como cristãos, uma vez que fomos justificados? Qual é a nossa relação com a lei de Deus?
No capítulo 7, Paulo trata desse assunto, usando a ilustração do casamento para explicar como o cristão está livre do domínio da lei e vive de maneira renovada pelo Espírito. Ele faz duas afirmações principais:
O cristão está livre do domínio infrutífero da lei
Paulo começa dizendo que a lei tem domínio sobre o homem toda a sua vida. Ele se refere à lei moral, que é a vontade de Deus para a humanidade, revelada desde a criação e resumida nos Dez Mandamentos. Essa lei vem acompanhada de bênção e maldição: se obedecermos, viveremos; se desobedecermos, morreremos. Esse é o pacto de obras, que foi estabelecido com Adão e que continua válido para toda a raça humana.
Mas o problema é que todos nós herdamos a corrupção de Adão e somos incapazes de cumprir a lei. Pelo contrário, somos condenados pela lei, que evidencia o nosso pecado e nos leva à morte. Ninguém pode ser salvo ou santificado pela lei, pois a lei não nos muda, nem nos capacita. Ela apenas nos mostra o que devemos fazer, mas não nos dá poder para fazê-lo.
Paulo então usa a imagem do casamento para ilustrar como o cristão se livra do domínio da lei. Ele diz que a mulher casada está ligada pela lei ao marido, enquanto ele vive. Mas se o marido morrer, ela fica livre da lei conjugal e pode casar-se novamente. Assim também, o cristão morre para a lei, por meio da união com Cristo, que morreu e ressuscitou por nós. Cristo levou sobre si a maldição da lei, sofrendo a morte que merecíamos. Assim, o cristão é liberto da condenação da lei e colocado num novo pacto, a aliança da graça, na qual ele recebe a vida eterna pela fé, com base na justiça de Cristo.
Isso não significa que o cristão está livre de obedecer à lei como um padrão para a sua vida. Mas significa que ele não busca obter salvação ou mérito por meio da lei. Ele reconhece a sua falência e depende inteiramente de Cristo. E ele pertence a Cristo, que é o seu novo esposo, com quem ele tem um relacionamento de amor. E em Cristo, ele frutifica para Deus, dando evidências da sua nova vida.
O cristão vive de maneira renovada pelo Espírito
Paulo faz um contraste entre o homem sob a lei e o cristão liberto da lei. Ele diz que, quando vivíamos segundo a carne, isto é, segundo as nossas próprias forças e esforços, as paixões pecaminosas operavam em nossos membros, levando-nos à morte. Esse era o estilo de vida daqueles que confiam na lei para se salvar ou se santificar. Eles são dominados pelos seus desejos e não conseguem agradar a Deus. Eles estão tão perdidos quanto aqueles que vivem sem lei, pois a lei não os salva, nem os santifica.
Mas agora, libertados da lei, estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos. Não estamos mais no pacto de obras, mas no pacto da graça. E o resultado disso é que servimos a Deus de maneira nova, segundo o Espírito. O Espírito Santo é quem nos regenera, nos capacita a crer e nos ajuda na santificação. Ele não apenas nos diz o que fazer, mas nos dá poder para fazer. Ele inscreve em nosso coração as leis de Deus e nos faz andar em seus estatutos. Ele nos transforma à imagem de Cristo, que é o cumprimento da lei.
Assim, o cristão serve a Deus não por medo, nem por dever, nem por mérito, mas por amor e gratidão. Ele não ignora a lei, mas a obedece motivado pelo Espírito. E ele tem os recursos, tem tudo o que é necessário para a sua luta contra o pecado e pela santificação.
Que Deus nos abençoe e nos ajude a viver como cristãos livres e renovados. Amém.