Categoria: Artigos
Data: 31/10/2023

Você já se perguntou como Deus nos declara justos? Como podemos ser aceitos por ele, sendo pecadores? Essa é uma questão crucial para a nossa vida cristã. E foi essa questão que deu origem à Reforma Protestante, há mais de 500 anos.

Neste artigo, vamos ver o que a Bíblia nos ensina sobre a justificação pela fé, a doutrina que foi redescoberta pelos reformadores e que é o fundamento do verdadeiro evangelho. Vamos ver como somos justificados pela obra redentora de Jesus Cristo, que recebemos mediante a fé, e como isso contraria a nossa tendência de confiar nas nossas próprias obras ou de nos sentir superiores aos outros.

A justificação pela fé é o meio pelo qual Deus nos declara justos

A palavra “justificação” significa “ser declarado justo”. É um termo jurídico, que se refere ao veredicto de um juiz. Quando Deus nos justifica, ele nos declara inocentes diante da sua lei, mesmo sendo nós culpados.

Mas como isso é possível? Como Deus pode ser justo e justificar pecadores? A resposta está no evangelho, a boa notícia de que Deus enviou seu Filho Jesus Cristo para nos salvar. O apóstolo Paulo explica isso na carta aos Romanos, no capítulo 3, versículos 21 a 26:

“Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que creem; porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus.”

Nesse texto, Paulo nos mostra três coisas importantes sobre a justificação pela fé:

  • A justificação é um dom de Deus. Não é algo que merecemos ou conquistamos por nossas obras. É um favor imerecido, uma graça. É gratuita, sem nenhum preço.
  • A justificação é baseada na obra redentora de Jesus Cristo. Ele nos libertou da escravidão do pecado mediante um preço: o seu próprio sangue derramado na cruz5. Ele também nos livrou da ira de Deus, satisfazendo a sua justiça. Ele foi o sacrifício perfeito que expiou os nossos pecados e aplacou a ira divina. Ele foi o propiciatório, a tampa da arca da aliança que cobria a lei e impedia que os querubins vissem a nossa transgressão.
  • A justificação é recebida pela fé em Jesus Cristo. A fé é o instrumento pelo qual nos apropriamos da justificação. Não é uma obra que fazemos para merecer a justificação, mas uma confiança na pessoa e na obra de Jesus Cristo. É crer que ele é o Filho de Deus, que morreu e ressuscitou, e que tem poder para nos salvar.

Quando cremos em Jesus Cristo, somos justificados diante de Deus. Isso significa que somos reconciliados com ele, temos paz com ele, somos adotados como seus filhos e temos acesso à sua presença.

A justificação pela fé contraria a nossa carne

A doutrina da justificação pela fé é maravilhosa e libertadora. Ela nos dá segurança e esperança. Ela nos faz descansar na graça de Deus e não nas nossas obras. Ela nos faz humildes e gratos.

Mas essa doutrina também contraria a nossa carne9. Ela vai contra o nosso orgulho e o nosso senso de superioridade. Ela nos mostra que não somos melhores do que ninguém e que dependemos totalmente de Deus.

Por isso, essa doutrina foi esquecida ou distorcida por muitos séculos na história da igreja. Foi preciso que Deus levantasse homens como Martinho Lutero, João Calvino e outros reformadores para redescobri-la e proclamá-la.

E até hoje, muitos resistem a essa doutrina. Muitos preferem confiar nas suas próprias obras ou na sua religião para serem justificados. Muitos se sentem superiores aos outros por causa da sua obediência à lei ou da sua tradição.

Mas Paulo nos mostra, nos versículos 27 a 31 do capítulo 3 de Romanos, que a justificação pela fé exclui todo orgulho e toda superioridade. Ele diz:

"Onde, pois, a jactância? Foi de todo excluída. Por que lei? Das obras? Não; pelo contrário, pela lei da fé. Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei. É, porventura, Deus somente dos judeus? Não o é também dos gentios? Sim, também dos gentios, visto que Deus é um só, o qual justificará, por fé, o circunciso e, mediante a fé, o incircunciso. Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma. Antes, confirmamos a lei."

Nesse texto, Paulo nos mostra duas implicações da justificação pela fé:

  • A justificação pela fé exclui todo orgulho. Não temos motivo para nos gabar diante de Deus ou dos homens. Não somos justificados por causa das nossas obras, mas por causa da obra de Cristo. Não somos justificados pelo nosso mérito, mas pelo seu mérito. Não somos justificados pela nossa força, mas pela sua graça. Somos justificados pela fé somente.
  • A justificação pela fé exclui toda superioridade. Não há distinção entre judeus e gentios diante de Deus. Todos são pecadores e carecem da glória de Deus. Todos são justificados pelo mesmo critério: a fé em Jesus Cristo. Deus é um só e trata igualmente todos os que creem em seu Filho.

Isso não significa que a lei de Deus seja anulada pela fé. Pelo contrário, a lei é confirmada pela fé. A lei nos mostra o nosso pecado e a nossa necessidade de Cristo. A lei nos mostra o padrão de Deus e o seu caráter santo. A lei nos mostra como devemos viver como gratidão por sua graça.

Mas a lei não pode nos salvar. A lei não pode nos justificar. A lei não pode nos dar vida. Só Cristo pode fazer isso.

Conclusão

A justificação pela fé é o artigo pelo qual a igreja se sustenta ou cai. É a doutrina que define o verdadeiro cristianismo e que nos diferencia de qualquer outra religião19.

Por isso, precisamos conhecer essa doutrina e vivê-la em nosso dia a dia. Precisamos crer em Jesus Cristo como nosso único Senhor e Salvador. Precisamos descansar na sua obra redentora e não nas nossas obras falhas. Precisamos ser humildes e gratos diante de Deus e dos homens.

Que Deus nos ajude a compreender e a aplicar essa doutrina em nossas vidas. Que ele seja glorificado em nós como o justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus.


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